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DE CIDADES ANSIOSAS A CIDADES INTELIGENTES

Por Gabriel Stella - Coordenador Executivo do Bento+20

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“A maior parte das cidades hoje estão mais para adolescentes ansiosos do que propriamente inteligentes”. A afirmação é dura, mas precisa ser ouvida. Vinda do Planeja Brasil 2025, a frase de Walter Longo não é apenas provocação, mas sim um alerta sobre como temos confundido tecnologia com inteligência. Sensores, câmeras e a reunião de dados não bastam para atuarmos hoje em dia. Inteligência urbana significa transformar informação em decisão, com foco humanizado.

Em Bento Gonçalves, não nos falta vontade nem iniciativas, existem projetos, plataformas e interesse na modernização dos serviços. E aqui falo não apenas do Poder Público, mas também nas entidades e empresas. Mas falta a visão que Longo defende: unir dados à compreensão das vivências locais. Uma cidade inteligente é aquela que conhece rotinas, antecipa necessidades e oferece respostas que reduzam fricções do dia a dia em todas as áreas.

O essencial é priorizar o uso estratégico dos dados para personalizar serviços e priorizar o bem-estar coletivo. Em épocas contemporâneas onde os processos andam cada vez mais mecanizados e automatizados, precisamos voltar a investir na individualidade das pessoas. Ao invés de multiplicar sensores sem objetivo ou apenas reunir dados, devemos definir métricas claras: quais problemas queremos resolver, quais públicos atender e como medir impacto. Modelos preditivos podem, por exemplo, melhorar a prevenção em saúde, otimizar rotas de transporte e reforçar a segurança em áreas com padrões de risco identificados. Mas isso exige governança, integração entre secretarias e capacitação de lideranças públicas, não apenas em tecnologia, mas em uma mudança cultural e institucional.

Outro ponto fundamental é a mudança de lógica: de punição para incentivo. Políticas que recompensem comportamentos positivos, como descontos, benefícios e facilidades de acesso, tendem a engajar cidadãos mais do que medidas punitivas. E essa é também uma rota para aproximar população e poder público, criando um ciclo virtuoso de colaboração.

Finalmente, há uma oportunidade para Bento: transformar o debate em experimentos reais e mensuráveis. Plataformas de participação, pilotos setoriais e parcerias com universidades e setor privado podem entregar “quick wins” que demonstrem valor. Se quisermos deixar de ser “adolescentes ansiosos” e crescer como cidade inteligente, precisaremos de visão, foco e, sobretudo, do compromisso coletivo para usar a tecnologia ao serviço das pessoas. O Bento+20 segue construindo o futuro, e convidamos a comunidade a participar, porque cidade inteligente se constrói com dados sim, mas também com coração e humanização.

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