INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O FUTURO DE BENTO: NAVEGANDO JUNTOS COM CONSCIÊNCIA E EDUCAÇÃO

Por Roberta Pozza - Diretora do Campus Bento Gonçalves da Universidade do Vale do Taquari (Univates)

A iniciativa Bento+20 convida à construção do futuro de nossa cidade. Pensar em 20 anos exige planejamento e abraço a inovações, sendo a Inteligência Artificial (IA) uma força transformadora em pauta. Ferramentas como ChatGPT, Gemini, DeepSeek e outras democratizaram o acesso à informação, gerando debates sobre seus limites.

Como professora da Escola de Medicina da Univates Lajeado e fundadora da Healthtech Letmetrial, compreendo a cautela e os limites da IA especialmente para a medicina. A IA carece de empatia, discernimento ético e responsabilidade legal. Diagnósticos, tratamentos e pareceres exigem contexto e experiência humana. As restrições são cruciais para proteger vidas e direitos.

Recentemente, a OpenAI negou rumores de que o ChatGPT teria cessado conselhos médicos e jurídicos; na prática, as ferramentas continuam auxiliando a entender informações de saúde e direito. Mas, e se a proibição fosse real? Proibir é a solução? Acredito que não. A IA é incontornável; ignorá-la não é opção. Nosso desafio é usá-la com inteligência e crítica. A educação é a chave. Precisamos ensinar a discernir a qualidade da informação gerada pela IA, entender suas limitações e empregá-la como ferramenta auxiliar, jamais substituta da expertise humana. É preciso empoderar, não censurar; transformar usuários em pensadores críticos e agentes.

A visão do Bento+20 por um futuro próspero exige mentalidade adaptativa. Uma comunidade que domina a tecnologia, compreendendo suas promessas e perigos, estará mais apta a inovar em todas as áreas – da saúde à economia, educação e bem-estar social. Integrar a IA com responsabilidade é pilar para o desenvolvimento contínuo de Bento Gonçalves.

Ainda sobre futuro e integração, destaco o Hub TecnoSaúde em Lajeado, iniciativa da Univates e recentemente premiado pela Finep como melhor projeto de Inovação do sul do país. Ele representa a convergência entre conhecimento, tecnologia e comunidade. É um ecossistema onde a tecnologia otimiza processos, auxilia pesquisa, ensino e qualifica o atendimento em saúde. Não substitui o profissional, mas amplifica sua capacidade de transformar vidas, com base em evidências e humanidade.

A restrição de ferramentas como o ChatGPT é um lembrete: a tecnologia deve servir à humanidade. Nossa resposta deve ser a ação informada, não o medo. O futuro de Bento, e da medicina, será construído pela inteligência humana, potencializada e guiada por uma IA bem compreendida e ética. Educação e discernimento são os pilares para que a tecnologia seja nossa aliada mais potente hoje e nos próximos 20 anos. Juntos, faremos essa jornada.